quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Diplomata francês responde à crítica de Bolsonaro à imigração na França


Presidente eleito disse que 'é insuportável viver em certas partes da França'; embaixador ironizou citando números da violência no Brasil

                                   O embaixador da França nos Estados Unidos, Gerard Araud Foto: Reprodução/Twitter
O embaixador francês nos Estados Unidos, Gérard Araud, respondeu nesta quarta-feira à crítica que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, fez à imigração na França. Citando o tuíte da agência de notícias France Presse em que se lê "Bolsonaro: 'É insuportável viver na França'", o diplomata francês, também no Twitter, escreveu: "63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários".
O texto irônico em que Gérard Araud compara os números da violência nos dois países é uma resposta às críticas de Bolsonaro à imigração na França, feitas num vídeo transmitido ao vivo nas redes sociais na noite desta terça-feira.

Nele, o presidente eleito disse que é "insuportável viver em algumas partes da França" por causa dos imigrantes e repetiu que planeja sair do pacto global sobre migração da ONU . 

— Todo mundo sabe o que está acontecendo na França, é simplesmente insuportável viver em certos lugares da França — disse Bolsonaro. — E a intolerância tende a continuar aumentando, e aqueles que foram para lá, o povo francês os acolheu da melhor maneira possível.


No vídeo, Bolsonaro também comentou o anúncio feito na semana passada pelo futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que o Brasil deverá sair do acordo de migração da ONU, recém-aprovado pelo atual governo brasileiro. 
O Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular teve a adesão de 164 países, mas sofreu a oposição dos EUA e de países governados pela extrema direita nacionalista, como Hungria e Polônia.

O presidente eleito atacou a imigração em termos genéricos, mas deu a entender que se referia a imigrantes africanos e de países muçulmanos na Europa.


— Vocês sabem da história dessa gente. Eles têm algo dentro de si que não abandona suas raízes. Eles querem fazer valer sua cultura, os seus direitos lá de trás e seus privilégios. A França está sofrendo isso. Não queremos isso para o Brasil. Para entrar no país deve haver um critério rigoroso. No que depender de mim enquanto chefe de Estado, eles não entrarão — afirmou. 


O Brasil tem cerca de 1 milhão de estrangeiros residentes, menos de 0,5% de sua população e apenas um terço dos 3 milhões de brasileiros que vivem no exterior.

O pacto sobre migração não cria obrigações legais para os países signatários; seu objetivo é coordenar as políticas nacionais de imigração, de modo a combater o tráfico de pessoas e facilitar a regularização da situação dos imigrantes. 

Ao criticar a decisão do futuro governo de abandonar o acordo, o atual chanceler, Aloysio Nunes Ferreira, lembrou que o objetivo do Brasil ao endossar o o pacto não é apenas a proteção dos estrangeiros que vivem no país, mas dos brasileiros que vivem no exterior.


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